CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Projeto Político Pedagógico
O graduado em Bacharelado e Licenciatura em Ciências Biológicas deverá possuir uma sólida formação teórica, conceitual e epistemológica em Biologia, que inclua o conhecimento da biodiversidade e das relações que se constituem entre eles. Nesta formação deve privilegiar o entendimento do processo sócio-histórico da construção do conhecimento da área biológica, tanto no que se refere ao domínio e compreensão da realidade, quanto da formação da consciência crítica e bioética que lhe permita interferir e transformar as condições da escola, da educação e da sociedade, desempenhando seu papel de formador de cidadãos.
Deverá também estar capacitado para a busca autônoma, a produção e divulgação do conhecimento, com visão crítica das possibilidades presentes e futuras e inovadoras da profissão. Deve ainda estar comprometido com os resultados de sua atuação, pautando sua conduta profissional por critérios humanísticos e de rigor científico, bem como por referenciais éticos, morais e legais.
É necessário também que tenha consciência da realidade em que vai atuar e da necessidade de se tornar agente transformador dessa realidade, na busca de melhoria da qualidade de vida da população humana, assumindo a sua responsabilidade na preservação e conservação da Biodiversidade. Que seja um profissional inovador apto a atuar em um mercado competitivo em constantes transformações e que esteja capacitado para o desenvolvimento do trabalho em equipe. Que faça opções capazes de provocar impacto na vida social, econômica e ambiental da região, do estado, do país e consequentemente do planeta. Que tenha uma formação interdisciplinar e multidisciplinar, mas que seja também particularizada, dando ênfase à prática docente do Ensino Fundamental e Médio, à pesquisa científica e à produção acadêmica. O profissional biólogo deve portar-se como educador, consciente de seu papel na formação de cidadãos, tornando-o capaz de desempenhar o papel de gerador e transmissor do saber nos diferentes ramos de sua área específica de conhecimento.
Que o profissional licenciado e bacharel em Ciências Biológicas deva se empenhar na sua formação acadêmica continuadamente, baseados nos princípios da dignidade humana, nas relações universais de conhecimento e das diferentes culturas, sendo um cidadão responsável e participativo, integrado à sociedade em que vive, no entanto, crítico de seus problemas.
A Lei Federal 6.684 de 03 de setembro 1979 em conformidade com a alteração estabelecida pela Lei nº 7.017, de 30 de agosto de 1982 e com Decreto nº 88.438, de 28 de junho de 1983, estabelece a área de atuação do Biólogo, sem prejuízo do exercício das mesmas atividades por outros profissionais igualmente habilitados. Na forma da legislação específica, o Biólogo poderá:
I - Formular e elaborar estudo, projeto ou pesquisa científica básica e aplicada, nos vários setores da Biologia ou a ela ligados, bem como os que se relacionem à preservação, saneamento e melhoramento do meio ambiente, executando direta ou indiretamente as atividades resultantes desses trabalhos;
II - Orientar, dirigir, assessorar e prestar consultoria a empresas, fundações, sociedades e associações de classe, entidades autárquicas, privadas ou do Poder Público, no âmbito de sua especialidade;
III - Realizar perícias, emitir e assinar laudos técnicos e pareceres, de acordo com o currículo efetivamente realizado.
Além do acima exposto, poderá também atuar como educador nos ensinos Fundamental, Médio e Superior da rede pública e particular de ensino. Estendendo esta função à elaboração de programas, planejamento e organização de laboratórios para o ensino de Ciências e Biologia, a produção e análise crítica de livros didáticos e paradidáticos e a busca de alternativas para as práticas educacionais tradicionais.
O campo de atuação profissional é considerado diversificado, amplo, emergente, crescente, em transformação contínua, exigindo um profissional cuja formação ao nível de graduação, o capacite a:
Pautar-se por princípios da ética democrática: responsabilidade social e ambiental, dignidade humana, direito à vida, justiça, respeito mútuo, participação, responsabilidade, diálogo e solidariedade;
Reconhecer formas de discriminação racial, social, de gênero, etc. que se fundem inclusive em alegados pressupostos biológicos, posicionando-se diante delas de forma crítica, com respaldo em pressupostos epistemológicos coerentes e na bibliografia de referência;
Atuar em pesquisa básica e aplicada nas diferentes áreas das Ciências Biológicas, comprometendo-se com a divulgação dos resultados das pesquisas em veículos adequados para ampliar a difusão e ampliação do conhecimento;
Portar-se como educador consciente de seu papel na formação de cidadãos, inclusive na perspectiva sócio-ambiental;
Utilizar o conhecimento na organização, gestão e financiamento da pesquisa e sobre a legislação e políticas públicas referentes às áreas das ciências biológicas;
Entender o processo histórico de produção do conhecimento das ciências biológicas referente à inter-relação dos conceitos, princípios e das teorias;
Estabelecer relações entre ciência, tecnologia, inovação e sociedade;
Aplicar o método científico para o planejamento, gerenciamento e execução de processos e técnicas visando o desenvolvimento de projetos, perícias, consultorias, emissão de laudos, pareceres, dentre outros, em diferentes contextos;
Utilizar os conhecimentos das ciências biológicas para compreender e transformar o contexto sócio-político e as relações nas quais está inserida a prática profissional, conhecendo a legislação pertinente;
Desenvolver ações estratégicas capazes de ampliar e aperfeiçoar as formas de atuação profissional, preparando-se para a inserção no mercado de trabalho em contínua transformação;
Orientar escolhas e decisões em valores e pressupostos metodológicos alinhados com a democracia, com o respeito à diversidade étnica e cultural, às culturas autóctones e à biodiversidade;
Atuar multi e interdisciplinarmente, interagindo com diferentes especialidades e diversos profissionais, de modo a estar preparado a contínua mudança do mundo produtivo e globalizado;
Avaliar o impacto potencial ou real de novos conhecimentos/tecnologias/serviços e produtos resultantes da atividade profissional, considerando os aspectos éticos, sociais e epistemológicos;
Comprometer-se com o desenvolvimento profissional constante, assumindo uma postura de flexibilidade e disponibilidade para mudanças contínuas, esclarecido quanto às opções sindicais e corporativas inerentes ao exercício profissional.
A universidade brasileira desde sua origem vem adotando modelos de ensino e de organização que foram definidos para outras realidades e momentos históricos. Nesse contexto, o currículo tem se limitado a estabelecer um conjunto de conhecimentos sequenciados que tem como objetivo principal a apropriação de conhecimentos já produzidos, mas desvinculados das necessidades da sociedade, isto é, aquém dos avanços tecnológicos do mundo moderno. Isto teve como consequência o distanciamento entre sociedade e universidade, pois a universidade passou a ser uma mera formadora de indivíduos, na maioria das vezes, incapazes de resolver problemas na vida profissional. Nas últimas décadas, iniciou-se um acalorado debate acerca do verdadeiro papel da educação formal como formadora de cidadãos que, além de conhecimentos técnicos, consiga fazer uma leitura e dimensionar ações sobre o momento histórico e a realidade onde estão inseridos. Essa preocupação, aos poucos, foi encontrando aceitação no interior da universidade, primeiramente junto a pequenos núcleos de estudo, associação de professores e alunos, incomodados com a falta de habilidade da universidade no relacionamento com a sociedade. A abertura para transformar a universidade no Brasil, que atenda o momento histórico, começou na última década, e um dos momentos em que estas discussões foram traduzidas, em parte, foi a publicação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (Lei Nº. 9.394/96). O conhecimento (ementas) deverá ser trabalhado de forma dinâmica, contextualizada, inter e multidisciplinar, de forma a levar o acadêmico a compreender como os vários conteúdos aprendidos nas diversas disciplinas estão conectados e formam uma rede de informações necessárias para investigar, compreender e solucionar os problemas estudados. A metodologia de trabalho dos professores de cada semestre, sempre que possível, será interdisciplinar de forma a possibilitar que os acadêmicos compreendam a necessidade de se aprender a trabalhar em grupos interdisciplinares, assegurando a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. As atividades interdisciplinares e transdisciplinares serão desenvolvidas ao longo do curso e deverão garantir o equilíbrio entre a aquisição do conhecimento, a habilidade profissional, atitudes coerentes e responsáveis e ainda valorizar o conhecimento tradicional. O Projeto Político Pedagógico – PPC refletirá o compromisso sócio-político-filosófico da Universidade do Estado de Mato Grosso, norteando os princípios que fundamentam as relações teórico-práticas, no âmbito da ação curricular. O PPC será baseado no princípio de que a aprendizagem requer participação ativa do aluno, e que a mesma se configura em conhecimentos, habilidades, atitudes, e ainda, que a aprendizagem implica em saber articular teoria e prática. Isso se dará por meio da realização de aulas práticas; estágios curriculares e extracurriculares; participação em projetos de pesquisa e de extensão e participação em eventos (congressos, seminários, workshop e outros). O ensino deverá focar unidades básicas potenciais de aprendizagem levando em conta as especificidades regionais, propiciando ao corpo discente a construção e formulação de conceitos e a definição de procedimentos bem como, propiciar espaço favorável ao desenvolvimento e consolidação da identidade profissional. Assim, formando os acadêmicos com uma educação interdisciplinar e holística que estarão melhores capacitados para enfrentar problemas que transcendem os limites de uma disciplina.
No contexto acima, a interdisciplinaridade no curso deverá ser programada em conjunto pelos professores de áreas afins do semestre, buscando evitar sobreposição de conteúdo, estabelecer a complementaridade entre as disciplinas e a maior eficiência no aproveitamento de aulas práticas envolvendo o trabalho em laboratório e no campo. O Curso de Licenciatura, Licenciatura e Bacharelado, Bacharelado em Ciências Biológicas da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), Campus Universitário Professor Eugênio Carlos Stieler, da cidade de Tangará da Serra, possui o período de integralização de no mínimo 8 (oito) semestres (4 anos) para obtenção do grau de Licenciado (a) e de no mínimo 10 (dez) semestres (5 anos) para obtenção do grau de Licenciado (a) e Bacharelado. A carga horária será de 3.500 horas para que o discente conclua a licenciatura e de 4.633 horas aula para o discente que optar pela Licenciatura e Bacharelado. Após a conclusão da Licenciatura (obrigatória para todos os discentes) no curso de Ciências Biológicas da Unemat de Tangará da Serra, é possível complementar a formação de bacharelado1 com mais 1.133 horas específicas desse grau. O funcionamento do curso é no período noturno, com oferta de 40 (quarenta) vagas em regime semestral. O curso propõe articular as disciplinas ofertadas através de procedimentos didáticos e metodológicos que oportunizem ao discente vivenciar práticas pedagógicas interdisciplinares, fundamentadas no conhecimento científico e didático, permitindo que tais práticas sejam efetivadas durante a atuação profissional na Educação Básica. Visando assegurar uma formação ampla e incentivar a integração de conhecimentos e habilidades necessárias à formação de professores da Educação Básica, o curso apresenta uma matriz articulada pelos conteúdos curriculares de diferentes áreas relacionadas ao curso de Ciências da Natureza, definidos pelas Referências Curriculares Nacionais dos cursos de Licenciatura e bacharelado; Parecer MEC CNE/CP nº 02.2015 (que originou a Resolução CNE/CP n° 02, 20 de dezembro 2019); Resolução CNE/CES nº 03.2003 (DCN Licenciatura e Bacharelado em Matemática); Resolução CNE/CES nº 07.2002 (DCN Licenciatura e Bacharelado em Ciências Biológicas).
A avaliação da aprendizagem deve ser processual e diversificada, uma constante no processo de ensino-aprendizagem, o que pressupõe acompanhar o desempenho dos alunos e tomar as providências atendendo as necessidades formativas dos mesmos, trabalho que deve ser realizado no decorrer do curso, com interlocução e avaliação institucional. O feedback compõe toda avaliação, como meio de informar ao estudante os pontos, conhecimentos e competências revelados e aqueles ainda por alcançar. Assim a avaliação cumpre sua função na formação profissional, sendo instrumento que permite o diálogo entre os atores do processo de ensino (estudante e docente) e reconhece a voz de ambos, bem como a necessidade de que para avaliar é preciso clareza acerca do que e como será avaliado. Esse trabalho deve ser realizado durante todo o decorrer do curso. Os instrumentos avaliativos podem ser constituídos de provas, seminários, resenhas, relatórios de atividades práticas e outros, ainda pode-se considerar as questões interpessoais como: ● Interesse/participação; ● Assiduidade/pontualidade; ● Construção do conhecimento; ● Relação conteúdo/prática; ● Capacidade de se relacionar com o grupo Em relação às atividades práticas, o aproveitamento escolar será feito por atividades no campo e/ou laboratórios. Para tanto, o aluno no ato da matrícula, deverá optar pela turma que irá realizar aula prática (Turma A ou B), respeitando o número de máximo de 40 alunos por turma. Visando que o processo avaliativo se constitua também como parte do ensino, este PPC garante, em todos os componentes curriculares, um momento de feedback no qual o docente retorna para o discente sobre os aspectos (conhecimentos, habilidades e competências) alcançados satisfatoriamente e aqueles ainda por alcançar, considerando sempre os objetivos da melhor formação para o mercado de trabalho, para a cidadania e para a sociedade